quinta-feira, 31 de março de 2011
terça-feira, 9 de março de 2010
Novas oportunidades

Ontem foi dia internacional das mulheres, quando cheguei no meu escritório, já vi aquelas cartinhas com uma flor encima, e alguém olhando por trás do bebedouro (Como lidar com pessoas é previsível), pra variar logo depois veio a romaria pedindo milagres, levando flores, (Eu tenho horror a flores) aquela pétalas e aquele pólen caindo pela sala toda, junto com os atrasadinhos me felicitando, com o marmitex na mão, aquele cheiro de frango frito, feijão preto e arroz grude, não sei porque, mas me lembra essas coisas macumbosas.
No fim fiquei sozinha com cheiro de polenta velha, rosbife e alecrim. Chamei a Claudiana assistente da auxiliar de serviços em geral (vulgo Dona Maria) pra limpar a saleta.
- Até que o cheiro não está tão ruim assim dona RH! Eles só quiseram fazer um agrado.
- Você já está acostumada com o cheiro do Tietê, agora varre!
Pra uma capivara que viveu toda a pobre vidinha em uma casa de estuque no meio do rio, o cheiro de azedume é a comparável a nova fragrância da Channel N°5.
Investirei em um perfume para baixa-renda, Dolce&Etê.
Demitirei agora mesmo a ursa do marketingue.
CHRO - Chief Human Resources Officer
E-mail: mamaesourh@gmail.com
sábado, 27 de fevereiro de 2010
Presentin

Essa semana quase fui enviada para Olimpíadas do Inferno na outra filial da Corporação, que está com problemas depois que uma de minhas damas de companhia se envolveu em um escândalo que levou a calcinha dela até o pescoço! A zinha colocou todo o reino corporativo em momentos de revolução quando disse que teria que dispensar 80% dos telemarketeiros de suas árvores por culpa da crise dos Estados Unidos (Jargão), porém senão fosse a sedentária e fofuxa da minha mais nova bichana, a estagiária de estimação de que me foi dada com laço coleira e fitas douradas, eu teria ido para o olho do furacão revolucionário da filial. A felina entrou faz duas semanas na empresa. Gostei de ganhar uma gata persa branca, dou-lhe uma tigela de leite e faço-a comer ração na minha mão, aliviou meu estresse e roça nas minhas pernas nas horas vagas, também serve de apoio para meu salto alto.
- Está gostando da moça, RH?
- Ela é uma fofa, terminou uma pilha de reports hoje e está fazendo minhas unhas do pé enquanto estou em uma conferência.
- Vai prolongar o contrato dela?
- Não! – Refleti sabiamente e respondi – Berenice, eu desejo um pênis não afeminado nessa seção da empresa e não mais cetinhas ávidas por roubarem minha coroa.
- Era exatamente sobre isso que ia falar, a moça é hermafrodita.
Berenice é um dos únicos seres-humanos que consegue satisfazer meus desejos mais impossíveis e obscuros que nem eu mesmo quero realizar, mas depois de saber que estava sendo alisada por uma Lady Gaga com um micro-pênis eu broxei.
- Ai Be, ta pensando que isso aqui é uma tribo de amazonas? Eu quero pica sem peitos, sem cabelos tingidos e sem unhas compridas aomolhorosébrigada.
Sabia que aquela massagem no meu clitóris tão prazerosa significava alguma coisa.
Destino.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Entrevista de Emprego
“Puta merda”, estava pensando.
Sentado lá naquela recepção morta, com um monte de revistas no banquinho do meu lado. Tudo em inglês. Nunca havia ouvido falar em nenhuma delas. “Tomara que não me perguntem sobre essa porra de ‘Business sei lá o quê das quantas’”.
Viro o olho e lá está a recepcionista em meio a um balcão cinza, como sua própria cara de sono. “Que merda, por que essa vagabunda não me chama logo? Ela pode atrasar, mas tenho certeza de que eu não. Vadia...”.
Acho que ouvi meu nome. “Levanta logo e vai pr’aquela sala de aquário”.
Indicam o assento pra mim, como se a cadeira fosse uma cortesia deles para um miserável desesperado por um emprego. O que de fato é verdade... “Merda de novo! Depois me chamam de comunista só por pensar nessas coisas...”.
Sentada diante de mim está ela: a RH. “Ui que meda! lá vou eu de novo...”.
– Bom dia – diz falsamente.
– Bom dia – responderia qualquer um (mais falsamente ainda).
Agora é a hora crucial na vida de uma RH. Como elas não conseguem namorado, isso é o mais próximo de um orgasmo múltiplo que irão sentir em todas suas vidas. E nem precisam de preliminares. Sua excitação começou já enquanto me fazia esperar inutilmente.
– Quer um café? – pergunta com um ar de ansiosa. Sei bem o que ela pretende...
– Não obrigado. Mas aceito um copo d’água.
Esses imbecis oferecem o café, mas não se deve aceitar. Um bosta de um entrevistado ainda não deve ter a audácia de aceitar um café, isso é apenas para quando se faz parte da família corporativa. Por enquanto é só um copo d’água bem pequeno, daqueles servidos no copinho de plástico que depois disso passará seus próximos 400 anos se decompondo num lixão. Reciclagem é bonita de se ver nas propagandas. Nas propagandas, a propósito, isso é com o pessoal de Marketing, não com RH.
Ela tem uma maldita prancheta com meu currículo em sua mão, apoiada sobre as pernas cruzadas. “Meu Deus, que pernas feias! E esses dedos do pé?! Os outros dedos são maiores do que o dedão! Ahrg! Como podem achar isso chique? Só porque a sandália e o esmalte custaram uns 300 reais parcelados no cartão?! E é só por isso”.
Quando voltei o olhar para seu rosto percebi que eu estava fazendo uma cara de nojo. “Esquece essas pernas e se concentra, imbecil!”.
– Bem, aqui diz que você nunca trabalhou com telemarketing.
– Sim, mas aprendo muito rápido – Foi a resposta ensaiada que vi numa matéria do Jornal Hoje.
– Que bom – fala sorrindo com os dentes de Imbra, mas não com os olhos –, porque aqui é preciso estar apto a praticar de todas as atividades, o que demanda que todo funcionário seje muito versátil.
– Seja.
“Que burra, dá zero pra ela! Tentou falar bonito e não conseguiu!”.
– Como?
– Ehr... Que assim SEJA. Toda empresa que se prezE agE dessa forma. Versatilidade é o que há de mais importante segundo Bill Gates e Steve Jobs, bem como Henry Ford.
“Há! Aposto que você não sabia dessa! Aliás, ninguém sabia, acabei de inventar!”.
– Vejo aqui que você mora um pouco longe...
”Um pouco longe?! Moro na puta que pariu! Só tô aqui nessa merda porque realmente preciso de um emprego”.
– Sim, mas isso não é problema. Às vezes morar longe é uma vantagem, pois quem mora perto acaba saindo em cima da hora e se atrasa.
– É verdade...
“Ótima resposta. Chuuuuuupa sua burra! Pensou que ia me derrubar nessa? Nem gaguejei, se era isso que você esperava”.
É tão bom estar por cima da situação, sentir-se inteligente... O que perto dessa tonta não é muito difícil.
“Agora é só continuar assim, lembre-se de não cruzar os braços, encurvar a cabeça ou ficar balançando uma das pernas”.
Ela pode pensar que é nervosismo. Afinal, é isso que devem ter dito a ela naquela aulinha sem-vergonha de psicologia. Só porque uma vez a disseram que o corpo fala, a idiota deve estar me analisando como se fosse uma psicóloga. Aliás, muitas RHs são pessoas que não se sucederam bem na faculdade de psicologia da UNIcórnio. E são sempre mulheres que acabam por trabalhar em RH.
“Acreditam que são mais sensíveis aos detalhes. Pelo menos é o que deve estar escrito em algum livro de auto-ajuda que leram”.
Por fim, sei que essa entrevista está acabando. “Finalmente, já era hora”.
São momentos cruciais. Ela se ajeitou na cadeira, descruzando as pernas. A prancheta colocou na mesinha do lado. “Odeio falar enquanto alguém faz anotações”. Agora era uma questão de segundos para ela tirar os óculos e inclinar seu corpo para frente. Lá vem A Pergunta:
– E o que você tem a oferecer a nossa empresa? – Diz suavemente, quase gozando.
“Pronto, agora faço uma mínima cara de dúvida e essa mulher goza na minha frente”.
Ela olha nos meus olhos, mas por algum motivo fica difícil olhar de volta em seus olhos semicerrados. “Estão semicerrados como em um orgasmo dos bons... Peraí, concentre-se, não dê a ela essa sensação. Agora já é uma questão de honra”.
– Hm...
Ninguém sabe o que responder. Essas imbecis interpretam do jeito que querem, a ainda inventam justificativas estúpidas para explicarem a si mesmas o porquê de gostarem de um entrevistado ou não. Qualquer um está num campo minado nessas horas. E pior, as minas são criadas pela maldita RH naquele mesmo momento. Você pode pisar num lugar seguro, mas se a vaca quiser inventar na mente dela que você acabou de pisar numa mina ela inventa a porra da explosão!
– Comprometimento, trabalho duro – “nossa, que pinta peluda ela tem no queixo, não tinha reparado. Ops, não perca o foco! Gente, tô até falando como uma delas, hahahaha! FOCO é uma palavra corporativa...” – E também...
Ela está sentindo o orgasmo múltiplo vir.
– E também... E também um... Um...
“Carai! Ops, um caralho não! pelo amor de Deus!”.
– Um... Um... Uma dedicação sem igual, digna de quem honra e ama o trabalho.
“Ufa, saiu! Mas acho que ela gozou de qualquer jeito... Foda-se. Literalmente”.
Enfim, acabou. Mais uma luta desnecessária e incompreensível chega ao fim.
– Ok, é isso. Muito obrigado pela sua participação em nosso processo seletivo. Entraremos em contato o mais breve possível. Tanto em caso positivo como negativo. E fique tranquilo: na pior das hipóteses seu currículo ficará aqui guardado para uma eventual próxima chance.
“Nossa. Só falta ela acender um cigarro e se cobrir com um lençol! Olha a cara de pós foda dela! Bem, pelo menos ela disse que vai ligar até em caso negativo. Tomara que saia logo esse resultado”.
E nunca mais ligaram.
“Merda, se soubesse tinha aceito a porra do café!”.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Consultoria na praia do Guarapira

Resolvi quebrar toda a minha honra e fidelidade pela Companhia e acabei indo visitar a Babesp(Bosta de água básica do estado de São Paulo), parecia que eles precisam de alguém que desse logística para demitir funcionários e caçar head-hunters porque o serviço era uma armadilha de Satanás naquele lugar!
Como acordei generosa, levei o estagiário pra tirar uma graninha à parte. Mas só fiz isso porque soube que o desgraçadinho tirou algumas fotos comprometedores de mim com o sócio da filial de Moçambique, que eu sempre via com o apelido nas conferências como 28vcsabeoque.
Passamos pela represa do Guarapira e vimos o transbordar de pessoas naquela água, parecia uma peregrinação de gente no Rio Ganges que nem eu vi nesses canais de documentários sobre animais uma vez, tinha até um defunto boiando e gente lavando roupa.
Tirei uma foto para mandar para o canal e pedir a comparação das mesmas.
Chegando lá, sabe, parece que é coisa de brasileiro, querer mostrar a casa pra todo mundo? Coisa de pobre, só fui pisar lá que veio o gerente, sub-gerente e o presidente pedindo para nós dois fazermos um tour pelas instalações.
Lá fomos nós de carrinho, chegamos a estação de tratamento e descobri que a água que eu tomo e uso para limpar minha cútis é limpa em um daqueles filtros de água que fazíamos na escolinha. Fiz um carão e logo veio o gerente fazendo o íntimo e me puxando para o escritório pra trabalhar.
Fiquei bege! Começarei a importar água e gelo da Suécia.
A RH
CHRO - Chief Human Resources Officer
E-mail: mamaesourh@gmail.com